Somos mais altos, mais fortes - e cada vez mais gordos - do que nossos antepassados longínquos porque o atual e rapidíssimo estágio tecnológico da civilização nos permite esse luxo.
O tamanho e o formato do nosso corpo traduzem a forma econômica e social da população mundial. Um homem ocidental tem hoje em média
Os estudiosos chamaram esse campo de estudo de "evolução tecnofísica", onde o componente histórico e econômico andam juntas e justificam a evolução humana. Assim, não se trata mais da evolução darwinista, mas também não é uma teoria rival, pois a proposta por Charles Darwin é um processo lento e delicado em que todos os seres vivos têm um antepassado de que herdam as características físicas. As mutações ocorrem aleatoriamente no coração genético no momento em que a molécula de DNA faz uma cópia de si mesma para passar ao descendente, no decorrer do tempo sofre inúmeras influências externas sendo, então, uma cópia imperfeita. Esses novos indivíduos com essas mutações só saberão se estão mais bem ou mais mal aparelhados que seus pais quando se desenvolverem e enfrentarem a vida. Esse processo explica porque temos dois olhos virados para frente, o polegar opositor, ossos duros e leves ou porque andamos eretos. Cada uma dessas características foi uma novidade na marcha evolutiva e se mostrou útil para a sobrevivência da espécie. Já na evolução tecnofísica o processo é mais rápido, suas mutações são sentidas em uma mesma geração e não são transmitidas geneticamente.
As mutações positivas estão sendo produzidas pelas conquistas atuais do estágio evolutivo da técnica. Quando se vê um atleta como Usain Bolt correr os 100 metros rasos em apenas 9,58 segundos e perseguir um tempo ainda menor, o que estamos testemunhando é a evolução tecnofísica em ação.
Todavia, uma das mais assustadoras mutações tecnofísicas que estão ocorrendo em um ritmo alucinante é a transformação de populações inteiras de pessoas obesas em gordos mórbidos. A enorme fartura e a facilidade de acessa à comida estão facilitando essa transformação. A tecnologia cuida de fabricar carros mais potentes, cadeiras e poltronas maiores e mais resistentes e até guindastes para içar gordos mórbidos nos hospitais. Ou seja, o homem moderno está ingerindo mais calorias e sendo mais sedentário por conta da economia e da tecnologia que permitem que a humanidade seja assim.
Podemos comparar, então, com o filme Wall-E onde a tecnologia atinge seu ponto máximo e depois de décadas de consumismo em massa faz com que a humanidade se mude para uma nave e acabe por viver no espaço já que o planeta Terra não é mais um lugar habitável. Assim, os passageiros humanos sofreram severas perdas de massa óssea e tornaram-se obesos mórbidos porque a tecnologia da nave os permitiu que fossem assim, pois não andavam já que havia cadeiras flutuantes que os levavam para todos os lados, não movimentavam nem as mãos – os computadores e mãos mecânicas faziam isso por eles.
Nos Estados Unidos, 1980 para cá, o número de obesos dobrou. Atualmente, 30% da população americana sofre de exagerado sobrepeso, com índice de massa corporal superior a 30 (calcula-se o IMC dividindo o peso pela altura ao quadrado). O Brasil tem 15,8% da população obesa – patamar semelhante ao dos Estados Unidos há trinta anos. Isso é preocupante, precisa ser combatido e pode nos levar a dizer que o ser humano alto e forte agora também é gordo.
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