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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Do caráter fundamental da guerra


“Na guerra eterna a humanidade se torna grande – na paz eterna a humanidade se arruinaria” (Adolf Hitler)

   Reduzem-se todos os sentimentos Humanos a uma só vontade que revela a voz da Natureza: a Vida. O amor, a ansiedade, o ódio, o medo, e todas as vontades Humanas nada são, mas, preâmbulos da ‘coisa’ em si, isto é, da preservação da vida. E é em virtude desse sentimento instintivo, e, portanto, irracional, de apego à vida que questões como suicídio ou a guerra – fenômenos que amiúde se sinonimizam – despertam a indignação e comoção alheia.

   Faz-se uma tarefa curiosa observar o êxito obtido por grandes oradores e líderes da História em lograr os instintos naturais Humanos persuadindo massas a guerrear em nome de uma ideologia ufanada. E é justamente o absurdo – como fenômeno filosófico, por excelência – da sujeição da própria vida perante algum motivo “maior”, que é concluído quando se discute a razão da própria guerra. Mas não só à questão da morte massiva resume-se o ilogismo da guerra, basta abandonar por um instante a lógica geopolítica e refletir a guerra filosoficamente para reconhecer sua absoluta futilidade.

   Entrementes, é necessário, numa ótica certamente antagônica à opinião comum, e, em absoluto fria, reconhecer a guerra como elemento fundamentalmente propulsor de avanços científicos e tecnológicos na História, ou seja, reconhecer os elementos de efervescência política e popular como molas de todo o desenvolvimento avançado hodiernamente, e, pois, compreender o caráter estagnante e infértil da paz em termos sociológicos.

   Não é necessária lá muita inteligência, tampouco, algum oráculo, para inferir que a relação Humana com a paz, não felizmente, permanecerá sempre no plano da Idealização, nos bulevares da literatura e da poesia; pois que o Homem é naturalmente belicoso, e que portanto – ainda que fosse possível – anular seu ethos guerreiro significaria, sobretudo, caricaturá-lo como uma aberração da Natureza. Além disto, a plena paz dos indivíduos de todas as sociedades e culturas, como ingenuamente almeja-se, coincidiria com o fim dos avanços da Humanidade, isto é, com uma inércia absoluta e inimaginável, que muito provavelmente findaria por sê-la fatal.

Agatha Prado

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