Apesar de o livro ter
sido escrito em 1945 e mostrado um futuro na época de 1984, é possível realizar
uma grande analogia em relação ao mundo contemporâneo e a realidade em que
vivemos. Digo isso porque a vigilância sobre a população tão enfatizada no
filme, pode ser relacionada atualmente com numerosas situações cotidianas, seja
no armazenamento de dados da pessoa em redes sociais, possibilitando a divulgação
pública de informações privadas; até mesmo através do GPS, em que os próprios movimentos
podem ser facilmente localizados; e as câmaras nas ruas, escolas, consultórios?
Aparentemente, visando a segurança, realisticamente vigiando os cidadãos,
garantindo ao sistema atual o controle de todas as atividades realizadas pelo
indivíduo.
Além disso, há a
questão das informações reeditas tão bem mostradas no filme com o Smith, que
fazia parte do partido e trabalhava na área de informações, possibilitando a
ele uma mudança nas notícias que seriam divulgadas, de acordo com os interesses
do Estado. Isso mostra talvez a sociedade em que vivemos: será realmente que
todo o sistema de produção e divulgação das notícias, informações não são
distorcidas, manipuladas, colocando o que querem em jornais, revistas, todos os
tipos de meios de comunicação de massa em prol do proveito do “dono” do poder
atual? Alguns podem ser bem claros, outros talvez saibam ser sutis.
O autor quis mostrar uma verdadeira crítica ao
totalitarismo, seja através da criação da “teletela”, espécie de televisão
instalada em todos os locais, para que a população fosse obrigada a ouvir
todas as notícias repassadas (eram controladas pelo governo e atuavam sempre a
mostrar o desenvolvimento da cidade e melhoria das condições na sociedade) e
pudessem ao mesmo tempo serem observadas pelo sistema de monitoração do “Big
Brother”.
Pode-se, portanto, relacionar essa monitoração ao programa atual do
Big Brother, em que os participantes se submetem a serem vigiados, mesmo que
isso seja prejudicial depois a eles, por mostrá-los 24 horas e muitas vezes
degradar a imagem de vários deles, devido a priori a edição de imagens realizadas
pelo próprio programa.
Em uma sociedade onde o Estado é retratado por impor todos
os seus interesses à população, influenciando-os, seja desenvolvendo um novo
idioma ou oprimindo aqueles que são contra o regime instaurado, Smith e Julia
marcam a contrariedade ao sistema, principalmente pelo amor dos dois e os
prazeres vivenciados, que mesmo simples (evidenciado pelo anseio do
protagonista de beber café, por exemplo), são proibidos.
Algo curioso para ser refletido é o fato de que para o
protagonista a liberdade era poder dizer que 2+2= 4, porém o partido fazia com
que, para exercerem o poder, acreditassem absolutamente que 2+2 = 5, visando a
certeza que não poderiam refletir sobre determinados assuntos, como esse, e sim
simplesmente aceitar.
Ps:
é bom observar que até mesmo as crianças não escapam desse jogo do partido, até
mesmo são as principais delatoras, como foi visto quando Smith encontra seu
vizinho, que foi denunciado pela própria filha, já que é moldada, educada
através dos padrões de comportamento do sistema em vigor.
O totalitarismo evidencia um clima de terror constantemente, divinização de um líder por construções abstratas de sua personalidade e controle da informação como forma de molduramento das ações constrastante ao regime estabelecido.
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